Ser mãe é maravilhoso, mas na hora certa. Ser mãe não é uma tarefa fácil, principalmente quando se trata de ser mãe durante a adolescência. Nunca foram tão divulgados os meios para evitar a gravidez como nos dias atuais, e mesmo assim, o número de adolescentes grávidas é cada vez maior. Então, o que faria as adolescentes a engravidar? O desconhecimento dos métodos para evitar a gravidez, uso de métodos com baixa eficiência como tabelinha e coito interrompido, vontade de casar e o uso inadequado de contraceptivos são alguns dos fatores que levam tantas adolescentes a ficarem grávidas.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, 45,9% das jovens sexualmente ativas não utilizam nenhum método contraceptivo. “Eu não me prevenia, e sabia que minhas amigas também não. Quando soube que estava grávida eu só me perguntava porque isso foi acontecer justo comigo?”, conta CD de 19 anos.
Por condenarem a atividade sexual, muitos pais não orientam seus filhos. E esse pode ser considerado também um dos motivos da gravidez precoce. Se por um lado encontramos uma boa dose de informações que chega até os jovens, por outro, percebemos a constante falta de diálogo entre pais e filhos, não bastando apenas dizer ao adolescente para que use preservativo, mas também esclarecendo sobre as decorrências possíveis de uma gravidez indesejada para o seu momento, seus sonhos e perspectivas de futuro. A maioria das gestações na adolescência não é planejada, mas não é por isso que a gravidez não será bem-vinda. “Me preocupo que ele pense que não foi desejado, vou ensiná-lo que ele não foi planejado, mas sem dúvida é a maior benção na minha vida”, afirma APP, de 17 anos.
Tudo muda: muitas mudanças ocorrem na vida de uma mãe adolescente, que pode ter problemas emocionais devido à mudança rápida em seu corpo ou por não receber amparo familiar e do parceiro. Afinal, a adolescente não ficou grávida sozinha, é fundamental que o parceiro participe de todo o processo, e nos cuidados necessários que devem ser tomados durante e após a gravidez. Como aconteceu com Ana Paula, que teve total apoio dos pais e do namorado desde o primeiro momento. Além disso, o jovem casal tem que saber que um filho inesperado pode significar ter que rever seus projetos de vida, interromper os estudos ou cancelando planos futuros de vida profissional. Ana Paula lamenta ter interrompido os estudos e ter que adiar o curso superior de Direito, que fazia parte de seus projetos futuros. “Eu nunca trabalhei e gostaria de ter meu próprio dinheiro para comprar as coisas do meu filho e não depender financeiramente dos meus pais. Uma criança exige atenção, amor, dedicação, além dos cuidados físicos. Durante muito tempo ela será totalmente dependente dos pais, que deverão educá-la e contribuir para sua formação.
Apesar de moderna, nossa sociedade ainda é cheia de tabus e preconceitos. Aos pais e à sociedade cabe uma atitude de compreensão e aceitação da gravidez e da criança que necessitará ser amada e protegida. Se prevenir é a melhor escolha. Usar um método anticoncepcional significa assumir uma vida sexual ativa. O medo de uma eventual descoberta, por parte dos pais ou responsável, da camisinha ou pílula em suas coisas denuncia sua atividade sexual, e pode ser uma justificativa para não empregar qualquer método.
Para quem não se previne, a gravidez é somente uma das consequências que o casal poderá ter. As doenças sexualmente transmissíveis merecem toda a atenção e cuidado, principalmente pelas pessoas que trocam frequentemente de parceiros. Para prevenir qualquer DST a camisinha, seja masculina ou feminina, é imprescindível.
Dr. Celso Marzano é urologista, terapeuta sexual, autor de livros e comunicador.
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