– Agora gostei, Claudinei, quer dizer que vamos viajar?
– É, mais ou menos isso, meu amigo. Acontece que no mês das bruxas quis escolher um tema, cujo âmago fosse tão forte como se fora embebido de feitiçaria, e entre tantos que me fascinam, o ‘piloto automático’ tem uma magia toda especial.
– Epa! Você está querendo dizer que está apaixonado por um piloto?
– Posso dizer que, neste caso, sim, mas não confunda as coisas, deixe-me explicar. Na Idade Média, sempre que um fenômeno não tivesse explicação lógica era considerado feitiçaria, e quem ousasse praticá-la era considerado bruxo, e na maioria das vezes o seu destino era uma fogueira.
– Mas, o que tem isso a ver com o ‘piloto’? Em que companhia aérea ele trabalha?
– Calma, meu amigo, você já está voando alto sem mesmo ter passado pelo check-in.
O piloto a que me refiro é aquele que está dentro de cada um de nós, ele é o responsável por te conduzir quando você está realmente ‘viajando’.
– Já conseguiu, como sempre, me confundir, Claudinei. Por favor, explique melhor.
– Com prazer! Você já sabe que nosso cérebro é composto pelo consciente, que é a mente lógica, objetiva que observa tudo e que ‘acha’ que sabe tudo; o subconsciente, que é a mente subjetiva, na qual está situada a nossa memória onde nossa experiência é armazenada, e ainda temos o inconsciente, que está anexo ao subconsciente, onde estão registrados os nossos instintos primitivos inerentes à raça humana. Alguns autores não consideram essa subdivisão.
Contudo, para nós o que importa é saber que o nosso ‘piloto automático’ reside na mente inconsciente e que está atrelado ao nosso cérebro direito.
– Claudinei, pare de esticar o assunto e dê alguns exemplos.
– Sua ansiedade vai acabar te matando.
Existem diversos casos, aposto que você já, por diversas vezes, entrou em seu carro para ir trabalhar, ligou o rádio e quando se deu conta já estava lá como se o carro conhecesse o caminho, certo?
Quem dirigiu? Claro que foi ‘ele’. Quando você aprendeu a andar de bicicleta, com certeza levou diversos tombos antes de sair andando e, de um momento para outro, saiu pedalando e hoje isso é feito ‘automaticamente’. No entanto, o mais interessante dessa história toda e onde reside a magia, é que na realidade é como se dentro de nós habitassem dois seres, nós mesmos (mente consciente) e o piloto (mente inconsciente).E aí temos alguns exemplos curiosos, e entre eles destaco dois como bem típicos.
1) O que acontece quando ao preencher um cheque descobre que é a última folha? O medo de errar faz errar.
2) Você vem caminhando descontraidamente, quando percebe que está sendo observado ou filmado. O que acontece? Muda o passo e perde o rebolado, certo?
São exemplos que enquanto o ‘piloto’ está no controle, tudo dá certo, mas, a partir do momento que sentimos a iminência do perigo, a mente consciente (a que pensa saber tudo) ou seja, nós, queremos assumir o controle e acabamos atropelando a nós mesmos.
É bom parar por aqui, porque o tema é muito extenso e a magia não termina. A mensagem mágica que deixo para você é:
Não seja muito crítico consigo mesmo e não faça julgamentos, lembre-se de que o nosso ser consciente é muito pequeno quando comparado com o inconsciente. Às vezes é melhor entregar o comando e deixar as coisas acontecerem, lembrando sempre que a ‘magia do piloto’ vai estar com você.
Ah! E para terminar, esta ‘magia’ chama-se hipnose. Já percebeu que passamos grande parte de nosso tempo, hipnotizados!
Um mágico abraço,
Claudinei Luiz