Vamos falar sobre o MEI? Até setembro de 2022, o Brasil havia registrado mais de 14 milhões de microempreendedores individuais (MEI) em funcionamento, o que representa quase 70% das empresas ativas no país, segundo a Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia. O MEI tornou-se uma saída vital para muitas pessoas, principalmente nos últimos três anos, por conta do desemprego, do cenário pandêmico que vivenciamos e das condições desfavoráveis do mercado de trabalho brasileiro, onde o ônus está cada vez maior que o bônus. Tendo isto em vista, muitos brasileiros arregaçaram as mangas e colocaram seus lados empreendedores em jogo para buscar o seu sustento.
As vantagens do MEI chamaram a atenção de muita gente. Segundo um levantamento feito em 15 de outubro, pelo Ministério da Fazenda, somente no Grande ABC, existia um total de 227.670 empresas ativas optantes pela SIMEI, tendo Santo André e São Bernardo do Campo como as cidades com os maiores índices de MEI da região. A possibilidade de cobertura previdenciária, tributação simplificada, licitações, auxílio emergencial e, principalmente, a emissão de notas fiscais são os atrativos que colaboraram com esse crescimento. A possibilidade de receber auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-reclusão também pesaram nesta escolha.
Dentre as atividades do setor, os MEIs podem se enquadrar em três categorias: prestação de serviços, comércio ou indústria, podendo exercer até 15 atividades diferentes, além da principal. O SEBRAE realizou um levantamento dos registros feitos na categoria e, segundo o órgão, o segmento de beleza e estética está na liderança das aberturas de novos negócios, seguido por varejo de roupas, cabeleireiros, manicure e pedicure, obras de alvenaria, alimentos para consumo em casa junto de restaurantes e similares.
Para obter sucesso nessa empreitada, algumas regrinhas básicas precisam ser seguidas, para que o microempreendedor individual possa prosperar sem ter dor de cabeça. Pesquisar o mercado e o negócio que quer abrir, desenvolver um plano de negócios com atenção redobrada nos investimentos em seus primeiros meses de atividades, conhecer sobre a legislação do seu negócio, aprender sobre o mercado e tomar conta das finanças são primordiais. Na dúvida, procurar orientação profissional é o melhor e mais seguro caminho para se percorrer e evitar dores de cabeça na jornada.
Durante minha pesquisa, entrevistei uma artesã de São Bernardo que é MEI desde setembro de 2020 e, segundo ela, as vantagens de sair da informalidade foram muitas. Veja um resumo da conversa a seguir.
Vinícius Tonin: Há quanto tempo você trabalha com artesanato?
Beatriz F. Rossi: Desde 2016.
V: Você sempre trabalhou nesta área?
B: Não, nem sempre. Eu trabalhava na parte administrativa de uma clínica veterinária. Após ser desligada, no começo de 2016, resolvi partir de vez para o artesanato.
V: Foi difícil a transição?
B: No começo sim, foi bem difícil, pois eu não tinha nome no mercado e tive que ir atrás de tudo sozinha. A habilidade manual eu já tinha, o que faltava era o traquejo de vender online e conquistar um público.
V: Por que você decidiu virar MEI, depois de quatro anos atuando como informal?
B: Por causa das vantagens e seguranças que o MEI me proporciona. Me senti mais amparada nesse quesito. Além do fato de poder vender para empresas, pois posso emitir nota fiscal. Já perdi vendas por não possuir MEI no passado.
V: Qual a maior dificuldade em ser um empreendedor MEI?
B: Vender, rs. Tenho que fazer de tudo e mais um pouco para vender e estar sempre relevante. A criatividade, um bom produto e bom atendimento são pontos chave para você conseguir um público cativo.
Os desafios que os MEIs possuem podem sim ser compensados por suas vantagens. Segundo o SEBRAE, os microempreendedores MEI geram renda R$ 11 bilhões por mês, o que significa R$ 140 bilhões por ano na economia do Brasil, o que é um número bastante expressivo.
E aí, vamos colaborar com um MEI ainda esse ano? Apoiar pequenos negócios é de suma importância para a economia da sua cidade e do nosso país.
Vinícius Mugnato Tonin é publicitário, pós-graduado em Direção de Arte na Comunicação, apaixonado por perfumaria, relojoaria e jogos digitais.