O poder da alimentação para um novo começo
Início de ano é sinônimo de novas resoluções. Entre promessas de praticar exercícios, melhorar a saúde mental ou se dedicar mais à família, poucas coisas são tão transformadoras quanto repensar nossa alimentação. Após o período de festas, marcado por excessos, que tal começar 2025 olhando com mais atenção para o que e como você come?
Recentemente tive a oportunidade de entrevistar Valter Longo (matéria IstoÉ), renomado cientista italiano e uma das maiores autoridades em jejum intermitente. Apontado pela revista Time como uma das 50 pessoas mais influentes na área da Saúde, Longo defende que a alimentação é responsável por cerca de 75% de um projeto de longevidade. Segundo ele, não basta pensar no que comemos, mas também no momento de dar uma pausa, ou seja, no jejum.
O jejum intermitente é muito mais do que uma estratégia para perder peso. Estudos apresentados por Longo mostram que jejuar de forma controlada otimiza nosso metabolismo, fortalece o sistema imunológico e protege contra doenças crônicas como diabetes e até mesmo o câncer. Em seu próximo livro, “Desnutrir o Câncer, Nutrir o Paciente”, ele explica como essa prática, combinada com uma dieta equilibrada, pode ajudar a prevenir e até combater tumores.
Longo alerta para o equívoco de protocolos extremos. Enquanto muitos adotam jejum de 16 horas por dia, ele recomenda janelas mais moderadas: 12 horas para pessoas saudáveis e 14 horas para pacientes com câncer. Estudos de longo prazo mostram que 12 horas trazem benefícios consistentes, como melhora metabólica e redução de inflamações.
Para quem busca começar o ano com mudanças, essa abordagem é acessível e sustentável. Basta jantar mais cedo e evitar beliscos até o café da manhã. Além disso, focar em alimentos de qualidade, como vegetais, grãos integrais e azeite de oliva, é essencial para ativar os “genes da longevidade”.
Outro ponto interessante trazido por Longo é o impacto da alimentação na saúde mental. Estudos indicam que o jejum intermitente pode reduzir sintomas de depressão e ansiedade, reconfigurando positivamente o cérebro. Em um mundo onde o Brasil lidera índices de transtornos como ansiedade, repensar como nos alimentamos pode ser um passo crucial para uma vida mais equilibrada.
Longo também alerta para os desafios globais. Ele critica o que chama de “conspiração alimentícia”, onde a indústria lucra com alimentos ultraprocessados, que contribuem para obesidade e doenças crônicas. Segundo ele, essa realidade só mudará quando investirmos em educação alimentar e incentivarmos hábitos mais saudáveis desde cedo.
Enfim, em 2025, em vez de buscar soluções rápidas para perder os quilos adquiridos nas festas, que tal investir em hábitos duradouros? O jejum intermitente, aliado a uma alimentação equilibrada, pode ser o início de uma jornada não apenas de perda de peso, mas de verdadeira longevidade e saúde.
Dr. Fábio dos Santos é cardiologista e pós-graduado em Nutrologia, palestrante, escritor e colunista em saúde.
(@doutorestilodevida)