Existe um abandono velado pela condição humana das pessoas nesta atualidade e uma valorização pela condição digital destas pessoas.
As perguntas campeãs nos dias atuais são: “Quantos seguidores você tem? Quantos likes você tem? Qual o engajamento de suas postagens?”, como se isso definisse nossa posição humana dentro da sociedade. E o pior é que, para um elevado número de pessoas, é isto mesmo que importa.
Não mais estamos sendo vistos como maridos, esposas, mães, amigos, filhos, pais, profissionais ou mesmo cidadãos. Tudo se resume a quantos seguidores temos nas mídias sociais.
O aprendizado também vem sendo desprezado, o universo acadêmico agora foi suplantado pelo universo dos “ensinamentos digitais”, não importa quem esteja falando; o que importa é que está na mídia social, então tem “valor”. Qualquer idiotice é digna de discussão, avaliação e compartilhamento.
Não me pergunte quantos seguidores eu tenho, mas me pergunte:
– há quantos anos estudo?
– como está minha família?
– quais são meus sonhos?
– o que aprendi com meus pais?
– como pretendo fazer a diferença no mundo?
– quantas amizades humanas tenho na vida?…
Hoje, até as ferramentas digitais estão em síndrome, pois perguntam no final de cadastros se “somos humanos” e pedem para digitar senha “captcha” para validar nossa condição de humanos.
Somos seres agregados pelos sentimentos e emoções e estamos nos distanciando pelos algoritmos e pela lógica de programação.
Não sei onde vamos chegar com tudo isto; mas, precisamos avaliar muito bem para onde estamos indo como seres humanos.
Vida digital não é vida humana.
Cesar Romão é palestrante e escritor, com livros publicados em diversos países.
www.cesarromao.com.br