Acho que pela enésima vez ao longo destes anos retomo este tema, pois é impressionante o que assistimos em nossas andanças por aí. Parece que perdemos nossa referência pessoal e tudo se resume em grupos de pessoas dividindo um mesmo espaço sem, contudo, olhar um para a cara do outro, a não ser pelas fotos no celular. Virou uma febre mundial. Nada contra, mas tudo que é demais…é demais. Por isto vou repetir um artigo que infelizmente foi lido, relido, mas não aprendido (isto colei do meu livro, Vivendo Melhor). Rs
Junho chegou e admito que este é o mês que, quando criança, mais apreciava depois de dezembro. Talvez pelo clima, já próximo do inverno, com as noites claras e ao longo do dia o céu sempre muito azul, talvez pelos balões, fogueiras, batata doce, entre outras iguarias de nosso folclore caipira.
Bom, não importa, mas quando sentei para escrever este editorial descobri que já tinha escrito a mensagem que queria transmitir para você meu amigo leitor, em outras edições, a qual transcrevo abaixo:
“Embora hoje em dia admita que não conseguiria viver sem estas parafernálias eletrônicas, já tive a oportunidade de mencionar, neste editorial, que sou réu confesso e que faz muito pouco tempo que aprendi a utilizar, muito mal, o meu computador.
Quando fiz a minha formação em Engenharia na FEI, ainda se usava a régua de cálculo, na qual também nunca fui um expertise, mas me virava bem. Nada como as HPs da vida, rs. Sei que você, meu amigo leitor, deve estar questionando a razão deste introito e deve estar me achando um tanto quanto paradoxal. Afinal, sou a favor ou contra o avanço da tecnologia? E você? Sem sombra de dúvida advogo todo o tipo de evolução e transformação, mesmo porque, quando deixarem de existir, será o mesmo que decretarmos o nosso fim; contudo, sou literalmente contra a não conservação de valores e dos arquivos de memória, a exemplo do que se transmite às nossas crianças.
Acho lindo e até invejo uma criança de oito anos entender mais de informática do que eu, mas abomino os pais que criam os seus filhos à frente de um computador, passando a maior parte do seu tempo na internet e nos videogames. Será que isto é salutar? Não sou nenhuma autoridade para responder, mas é fácil constatarmos a resposta, simplesmente olhando na fisionomia destas crianças. No meu tempo de criança brincávamos de ‘mãe da rua’, ‘bolinhas de gude’, também conhecida como ‘fubeca’, empinávamos pipas ou papagaios. Quando chovia fazíamos ‘poças’ com a água da enxurrada; ir a um matiné no cinema, então, era uma festa.
Lembro-me perfeitamente que o mês de junho era muito aguardado pela criançada do bairro, pois era o mês das festas juninas. E que festas, com as suas tradições, tais como fogueiras, comidas típicas, quadrilhas, e o espetáculo mais lindo de todos, criado pelos balões, que em algumas noites preenchiam completamente a abóbada celeste, num espetáculo de luzes e cores. Claro que na época, embora perigosos, ainda não ofereciam o perigo de agora. É o preço do progresso. Hoje, estas festas tornaram-se apenas fonte de renda para as escolas e igrejas; mas, que bom que ainda são mantidas, pois é uma forma de preservação da memória e também de tirar o menino da frente do computador.
Concluindo, apenas quero mencionar que, naqueles tempos, as doenças que pegávamos eram as tradicionais doenças de crianças, como sarampo, catapora, rubéola, caxumba, entre outras, mas não lembro de nenhum de meus amigos, na infância, que tivessem sofrido de depressão, crise do pânico, claustrofobia, agorafobia, acrofobia, sociofobia. São fobias que não acabam mais.
O mês de junho chegou. Então, que tal resgatar um pouco de nossas tradições e, quem sabe, até pular uma fogueira e assar batata doce? Ou, até mesmo, namorar, menos, claro, soltar balões.
Forte abraço, menos selfies e mais vida
Claudinei Luiz