Na edição passada falamos sobre incertezas e foi incrível o retorno que tive de nossos leitores me cumprimentando pelo artigo, pelo qual deixo aqui a minha gratidão. Nesta edição resolvi explorar um pouco mais o assunto, pois, no decorrer deste mês, as incertezas parecem aumentar.
– Poxa, que legal Claudinei, cada vez tenho mais dúvidas no “que fazer” e “como fazer”.
– Que bom que estou atingindo a sua expectativa. Então vamos lá. Para a nossa mente, ‘ficar na dúvida’ é um consumo inútil de energia, daí vem aquela máxima que é melhor fazer alguma coisa e errar do que não fazer nada e acertar. Para tanto, a palavra chave para isto chama-se ‘risicare’. Não entendeu? Então leia o artigo que escrevi há algum tempo, mas nunca foi tão atual:
– Poxa, Claudinei, lá vem você novamente inventando palavras difíceis e jogos de adivinhação. Mas se me recordo bem, você já escreveu sobre isto há alguns anos. Estou certo?
– Sim, meu amigo leitor, mas face ao momento de incertezas que estamos vivendo, achei interessante retomar o tema.
Algumas vezes me surpreendo pensando em quantas oportunidades tive na vida e não soube aproveitá-las, ou quantas que aproveitei sem saber. Há um ditado que diz que a oportunidade bate à porta apenas uma vez e é questão de bom senso saber aproveitá-la; outro diz que ela vem a cavalo e temos que pular nele, na hora certa. Outro chama este evento de sorte. Aposto que você, meu amigo leitor, também já se questionou sobre isto.
A grande verdade é que somos medrosos e, realmente, deixamos escapar muitas oportunidades por apenas termos medo de arriscar, porque arriscar significa sair de nossa zona de conforto.
A própria palavra risco deriva do italiano antigo risicare, que pode ser traduzida por ousar. Neste sentido, o risco é uma opção e não um destino e, assim, podemos afirmar que quando ousamos fazer, o Universo faz acontecer, ou melhor ainda, nós mudamos o nosso destino a cada decisão que tomamos. As grandes mudanças no universo foram devidas a pessoas que ousaram e assumiram riscos. Sem eles e sem mercado de capitais, onde os poupadores podem diversificar os seus riscos, seguramente não existiriam as grandes empresas inovadoras que surgiram nas últimas décadas, tais como, Microsoft, Boeing, Vale, Petrobras, McDonalds, etc.
Por incrível que pareça, o estudo do risco não partiu de uma premissa para estudo das leis do Capitalismo que, em plena era do Renascimento, levou os matemáticos franceses Blaise Pascal e Pierre de Fermat adentrarem no estudo da lei das probabilidades, mas, sim, os jogos de azar dos quais eram aficionados, em especial o jogo de dados.
Para sentir a verdadeira emoção do risco, basta participar de qualquer jogo de azar, que por sinal tem sua origem em jogos de “al zahr” que é a palavra árabe para dados. O jogo mexe tanto com a adrenalina, que nos leva facilmente ao vício, caso típico do conde de Sandwich, que inventou o sanduíche para não precisar se afastar da mesa de jogo, para comer.
O tema é fascinante, mas o nosso espaço é pequeno. Assim, para quem desejar se aprofundar no assunto, recomendo fortemente a leitura do livro “Desafio aos Deuses”, de Peter L. Bernstein, Editora Campus.
Para finalizar, voltemos ao nosso tema, com a seguinte pergunta: ‘será que eu deveria ter ousado mais em meus negócios? Será que as decisões que tomei foram certas?’
Portanto, relaxe. As decisões tomadas por você, acredite, foram as melhores escolhas que o seu cérebro teve naquelas oportunidades. Não se sinta culpado se não atingiu os seus objetivos até hoje, e muito menos tenha pena de você. Lembre-se que sempre é tempo para um novo risicare, mas sempre com os ‘pés no chão’ e nunca colocando todos os ovos em um mesmo cesto.
Como você pode notar, eu ousei quando resolvi fazer este tipo de revista. E você, amigo leitor? Já ousou? Pare um instante de ler e faça uma reflexão em busca das respostas. E aí, encontrou? Está feliz ou sentindo-se culpado? Cuidado, uma má interpretação pode nos levar a um estado depressivo de baixa autoestima e com sensação de incapacidade. Não importa qual a resposta que você encontrou, o importante é saber que no momento devido o seu cérebro tomou a melhor decisão. Sim, nosso cérebro é um sistema binário, igual a um computador; não existe meio termo, é sim ou não, e baseado no seu modelo de mundo, sempre apresenta a melhor resposta, naquele momento”.
Um forte abraço e: ouse fazer, que o poder lhe será dado.
Claudinei Luiz