“Mais importante do que acrescentar anos à vida é acrescentar vida aos anos”. Ouvi isso pela primeira vez da boca de um dos maiores nomes da Medicina, Dr. Euryclides de Jesus Zerbini. Dr. Zerbini foi um ícone de sua época, sendo um dos nossos maiores cirurgiões cardíacos. Nos deixou aos 81 anos de idade e, apesar de ser cirurgião com a capacidade de acrescentar tempo à vida das pessoas que operava, estava em suas palavras a necessidade de acrescentarmos vida aos anos. Isso só conseguimos com rotina e criação de bons hábitos.
Recentemente, o Brasil perdeu um de seus maiores empresários. Abílio Diniz nos deixou aos 87 anos de idade e muitos se perguntaram “como pode ter acontecido isso com aquele homem tão saudável?”. Aqui é importante lembrar que podemos ser longevos, mas não imortais. Eu, como pioneiro nacional no movimento de Medicina do Estilo de Vida, posso dizer que não havia entre nós exemplo maior de longevidade. Em termos simples, a longevidade humana pode ser definida como a duração da existência de uma pessoa, entretanto, não é apenas isso. Longevidade não se limita apenas ao tempo vivido, mas à qualidade com a qual vivemos esse tempo. Tive a oportunidade de participar de vários eventos onde ele palestrou. Em um deles, no TEDx São Paulo, palestrei em um palco menor sobre o tema “Estilo de Vida e Saúde”. Não por coincidência estava ele no palco central palestrando sobre Longevidade. Em certo momento da palestra ele disse ter começado a fazer 80 anos com 29. Pense o quão profundo é isso. Pensa quantas escolhas, criação de rotinas e mudanças de hábitos estão por trás dessa fala.
Foco meu consultório, hoje em dia, em programas de estilo de vida e longevidade para meus pacientes/clientes. Eles naturalmente me procuram na busca não apenas da resolução de um problema, buscam sentir-se bem – na acepção da palavra – podendo viver melhor e quem sabe mais, estendendo seu tempo com qualidade por aqui. O ensino médico sempre foi muito focado na DOENÇA e como fazemos para tratá-la, mas temos a opção, enquanto médicos, de olhar proativamente para a SAÚDE e praticarmos prevenção como a melhor forma de tratamento. Esse vem sendo o meu “mantra” há muitos anos. Escolhas saudáveis do que colocamos em nossas bocas, como movimentamos nossos corpos, como lidamos com o estresse, como dormimos (sim, podemos criar uma higiene de sono) e como nos relacionamos com as pessoas em nosso meio são o primeiro passo. Saibam que esse é o passo mais decisivo de suas vidas e grande determinante de sua longevidade. Gosto de dizer que longevidade não é sorte, é conquista.
Claro que ciência e tecnologia nos ajudam nessa proposta de longevidade e já podemos contar com vários recursos e estratégias, cientificamente comprovadas, para esse caminho. O progresso está sendo feito ao redor e dentro de nós. Dentro de nós, há cada vez mais evidências sobre os principais “caminhos da longevidade”. Ao nosso redor está a influência da cultura em que vivemos. Quando esta apoiar práticas de vida saudável, seremos longevos.
Dr. Fábio dos Santos é cardiologista e pós-graduado em Nutrologia, palestrante, escritor e colunista em saúde.
(@doutorestilodevida)